ANÁLISE DA EFETIVIDADE DA AUTORREGULAÇÃO FORMATIVA TERRITORIAL MEDIADA POR TECNOLOGIA: UM ESTUDO DE CASO NO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO

Autores

DOI:

https://doi.org/10.25110/arqsaude.v29i1.2025-11030

Palavras-chave:

Sistema Único de Saúde, Atenção Primária à Saúde, Telemedicina

Resumo

Em 2020, o Espírito Santo iniciou a implantação da autorregulação formativa territorial (ARFT), que consiste no modelo que integra a atenção primária à saúde com a atenção ambulatorial especializada. O objetivo do estudo foi analisar a efetividade desse modelo quanto à interação entre o médico da atenção primária à saúde e o médico especialista, para entender se houve redução no tempo médio de espera nas consultas após sua implantação. Foi um estudo exploratório, descritivo e retrospectivo realizado a partir de uma pesquisa documental e análise do banco de dados da Secretaria de Estado da Saúde do Espírito Santo. Foram consideradas 2.402.652 solicitações para a atenção especializada dos usuários das 1.005 unidades de saúde de APS situadas nos 78 municípios do Estado para consultas e exames especializados no período de junho de 2020 a junho de 2023, ou seja, todas as solicitações inseridas no sistema nesse período No primeiro ano de implantação da ARFT, houve um total de 53.932 solicitações respondidas, com um quantitativo de 4.348 finalizadas, resultando em 8,08% de efetividade do processo; no segundo ano de estudo, foram respondidas 98.738 solicitações e finalizadas 19.848, obtendo-se uma efetividade de 20,10%; e no último ano, das 84.014 solicitações respondidas, 15.841 foram finalizadas, perfazendo 18,86% de efetividade. Em relação ao tempo médio de espera, foram analisadas as três regiões do Estado, verificando-se que no período de 22/06/2020 a 21/06/2021 a região Sul obteve o menor tempo médio de espera, enquanto de 22/06/2022 a 21/06/2023 a região Metropolitana apresentou o maior tempo de espera. Quanto à efetividade do modelo, as análises do estudo evidenciaram mudanças de práticas na AB e na AE, sendo que o tempo de espera constituía ainda um grande desafio. Portanto, conhecer esses fatores permitirá o desenvolvimento de estratégias baseadas nas características de cada região, na adaptação das tecnologias à realidade dos profissionais de saúde e, sobretudo, na maior proximidade entre eles, com menor dependência de intermediários.

Biografia do Autor

Patricia Rocha Vedova Pirola, Universidade do Estado do Rio de Janeiro

Mestranda em Telessaúde pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ).

Marcia Maria Pereira Rendeiro, Escola Nacional de Saúde Pública

Doutora em Saúde Pública pela Escola Nacional de Saúde Pública (ENSP).

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Publicado

03-04-2025

Como Citar

PIROLA, Patricia Rocha Vedova; RENDEIRO, Marcia Maria Pereira. ANÁLISE DA EFETIVIDADE DA AUTORREGULAÇÃO FORMATIVA TERRITORIAL MEDIADA POR TECNOLOGIA: UM ESTUDO DE CASO NO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO. Arquivos de Ciências da Saúde da UNIPAR, [S. l.], v. 29, n. 1, p. 108–127, 2025. DOI: 10.25110/arqsaude.v29i1.2025-11030. Disponível em: https://unipar.openjournalsolutions.com.br/index.php/saude/article/view/11030. Acesso em: 16 abr. 2025.

Edição

Seção

Artigos