EVOLUÇÃO TEMPORAL DA VIA DE PARTO E OS FATORES MATERNOS ASSOCIADOS NO BRASIL (2011-2021)
DOI:
https://doi.org/10.25110/arqsaude.v27i9.2023-015Palavras-chave:
Parto Normal, Cesárea, Sistemas de Informação em Saúde, BrasilResumo
O processo de parto é um evento fisiológico fundamental na vida reprodutiva das mulheres. No entanto, o parto cirúrgico tem se tornado cada vez mais comum, tanto no Brasil como em outros países, resultando em preocupações com a medicalização excessiva do parto. O estudo visa fornecer informações abrangentes sobre o tema, considerando diferentes regiões geográficas do Brasil. Trata-se de estudo é ecológico e retrospectivo, utilizando dados do Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos (SINASC) disponíveis no Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (DATASUS). Foram analisados dados de 2011 a 2021, com ênfase nas taxas de parto vaginal e cesariano, fatores sociodemográficos e obstétricos. Durante o período analisado, foram registrados 31.702.562 nascimentos no Brasil. Dos registros válidos, 43,9% foram partos vaginais e 56,1% foram cesarianos. Houve um aumento geral nas taxas de cesariana em todas as regiões brasileiras. A região Norte teve o maior percentual de partos vaginais (53,5%) e o menor de cesarianas (46,5%), enquanto as regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste apresentaram as maiores taxas de cesárea. O estudo revela um aumento nas taxas de cesariana ao longo da última década no Brasil, com diferenças regionais significativas. A prevalência de cesarianas nas regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste levanta preocupações sobre a medicalização do parto. Essas informações podem subsidiar ações de melhoria da qualidade da assistência ao parto e nascimento, com o objetivo de reduzir intervenções desnecessárias e promover melhores desfechos materno-fetais.
Referências
BABBIE, E. R. The Practice of Social Research. 14th ed. Boston: Cengage Learning, 2013.
BARBOSA, G. P. et al. Parto cesáreo? Quem o deseja e em quais circunstâncias? Cad. Saúde Pública, v. 19, n. 6, p. 1611-1620, 2003. DOI: 10.1590/S0102-311X2003000600005.
BARROS, A. J. D. et al. Cuidados pré-natais e cesáreas: tendências e desigualdades em quatro coortes de nascimentos de base populacional em Pelotas, Brasil, 1982–2015. Int. J. Epidemiol., v. 48, n. 1, p. i37–i45, 2019. DOI: 10.1093/ije/dyy259.
BETRAN, A. P. et al. Trends and projections of caesarean section rates: global and re-gional estimates. BMJ Glob Health, v. 6, n. 6, p. e005671, 2021. DOI: 10.1136/bmjgh-2021-005671.
BOATIN, A. A. et al. Dentro das desigualdades dos países nas taxas de cesariana: estudo observacional de 72 países de baixa e média renda. BMJ Glob Health, v. 360, p. k55, 2018. DOI: 10.1136/bmj.k55.
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Ações Programáticas Estratégicas. Área Técnica de Saúde da Mulher. Pré-natal e Puerpério: atenção qualificada e humanizada - manual técnico. Brasília, DF: Ministério da Saúde, 2005.
CANATO, G. M. et al. CARACTERÍSTICAS ASSOCIADAS AO CONHECIMENTO SOBRE AS VIAS DE PARTO EM GESTANTES. Arquivos de Ciências da Saúde da UNIPAR, v. 27, n. 8, p. 4504–4518, 2023.
CARDOSO, J. E.; BARBOSA, R. H. S. O desencontro entre desejo e realidade: a “in-dústria” da cesariana entre mulheres de camadas médias no Rio de Janeiro, Brasil. Physis, v. 22, n. 1, p. 35-52, 2012. DOI: 10.1590/S0103-73312012000100003.
COPELLI, F. H. S. et al. Fatores determinantes para a preferência da mulher pela cesaria-na. Texto Contexto Enferm., v. 24, n. 2, p. 336-343, 2015. DOI:10.1590/010407072015003000014.
COSTA, M. L. et al. Increasing cesarean section rates in Brazil: the role of public and private health care systems. Reprod Health Matters, v. 15, n. 30, p. 169-175, 2007. DOI: 10.1016/S0968-8080(07)30328-X.
CUNHA, A. C. et al. Evaluation of prenatal care in Primary Health Care in Brazil. Rev. Bras. Saúde Matern. Infant., v. 19, n. 2, p. 447–458, abr. 2019. DOI: 10.1590/1806-93042019000200014.
DAMASCENO, V. C. et al. Taxa de cesariana nas primigestas atendidas numa materni-dade pública com assistência humanizada no município de Juiz de Fora – MG. HU rev., v. 43, n. 2, p. 121-126, 2018.
DOMINGUES, R. M. S. M. et al. Adequação da assistência pré-natal segundo as caracte-rísticas maternas no Brasil. Rev. Panam. Salud Publica, v. 37, n. 3, p. 140–147, 2015. DOI: 10.1590/S1020-49892015000300001.
GONÇALVES, M. F. et al. Pré-natal: preparo para o parto na atenção primária à saúde no sul do Brasil. Rev. Gaúcha Enferm., v. 38, n. 3, 2017. DOI: 10.1590/1983-1447.2017.03.62030.
LEAL, M. C. et al. Intervenções obstétricas durante o trabalho de parto e parto em mulhe-res brasileiras de risco habitual. Cad. Saude Publica, v. 30, n. 1, p. S17-32, 2014. DOI: 10.1590/0102-311X00151513.
LEAL, M. C. et al. Sumário Executivo Temático da Pesquisa Nascer no Brasil. Rio de Janeiro: Fiocruz, 2014.
MELLO-JORGE, M. H. P.; LAURENTI, R.; GOTLIEB, S. L. D. Análise da qualidade das estatísticas vitais brasileiras: a experiência de implantação do SIM e do SINASC. Ci-ência & Saúde Coletiva (Rio de Janeiro), v. 12, p. 643-654, 2007.
MINISTÉRIO DA SAÚDE (BRASIL). Parto, Aborto e Puerpério: Assistência Hu-manizada à Mulher. Brasília, DF: Ministério da Saúde, 2017.
ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE. Declaração da OMS sobre taxas de ce-sárea. Universidade Aberta do SUS - UNA-SUS, 2015. DOI: 10.7476/9788563778148.
PARIS, G. F. et al. Tendência temporal da via de parto de acordo com a fonte de financi-amento. Rev. Bras. Ginecol. Obstet., v. 36, n. 12, p. 548-554, 2014. DOI: 10.1590/S0100-7203201400050006.
PORTA, M. et al. A Dictionary of Epidemiology. 6th ed. New York: Oxford University Press, 2014.
ROTHMAN, K. J. et al. Modern Epidemiology. 3rd ed. Philadelphia: Lippincott Wil-liams & Wilkins, 2008.
RUDEY, E. L. et al. Cesarean section rates in Brazil: Trend analysis using the Robson classification system. Medicine, v. 99, n. 17, p. e19880, 2020. DOI: 10.1097/MD.0000000000019880.
SAAVEDRA, J. S.; CESAR, J. A.; LINHARES, A. O. Assistência pré-natal no Sul do Brasil: cobertura, tendência e disparidades. Rev. Saúde Pública, v. 53, p. 40, 2019. DOI: 10.11606/s1518-8787.2019053000332.
SALKIND, N. J. Encyclopedia of Research Design. Thousand Oaks, CA: SAGE Publi-cations, 2010.
SILVA, F. et al. “Parto ideal”: medicalização e construção de uma roteirização da assistên-cia ao parto hospitalar no Brasil em meados do século XX1. Saúde e Sociedade, v. 28, n. 3, p. 171-184, 2019. DOI: 10.1590/s0104-12902019181057.
VANDENBROUCKE, J. P.; PEARCE, N. Case-control studies: basic concepts. Inter-national Journal of Epidemiology, v. 41, n. 5, p. 1480-1489, 2012. DOI: 10.1093/ije/dys147.
VICTORA, C. G. et al. Maternal and child health in Brazil: progress and challenges. The Lancet, v. 377, n. 9780, p. 1863-1876, 2011. DOI: 10.1016/S0140-6736(11)60138-4.
VIELLAS, E. F. et al. Assistência pré-natal no Brasil. Cad. Saúde Pública, v. 30, Suppl. 1, p. S85-S100, 2014. DOI: 10.1590/0102-311X00126013.
WORLD HEALTH ORGANIZATION. Appropriate technology for birth. The Lancet, v. 2, n. 8452, p. 436-437, 1985. DOI: 10.1016/S0140-6736(85)92775-8.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2023 Arquivos de Ciências da Saúde da UNIPAR
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
Os Direitos Autorais para artigos publicados são de direito da revista. Em virtude da aparecerem nesta revista de acesso público, os artigos são de uso gratuito, com Creative Commons Attribution 4.0 International License.
A revista se reserva o direito de efetuar, nos originais, alterações de ordem normativa, ortográfica e gramatical, com vistas a manter o padrão culto da língua e a credibilidade do veículo. Respeitará, no entanto, o estilo de escrever dos autores.
Alterações, correções ou sugestões de ordem conceitual serão encaminhadas aos autores, quando necessário. Nesses casos, os artigos, depois de adequados, deverão ser submetidos a nova apreciação.
As opiniões emitidas pelos autores dos artigos são de sua exclusiva responsabilidade.
