AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DO SONO E NÍVEIS SÉRICOS DE SEROTONINA E CORTISOL EM PACIENTES COM DOR CRÔNICA
DOI:
https://doi.org/10.25110/arqsaude.v27i6.2023-057Palavras-chave:
Dor Crônica, Qualidade do Sono, Serotonina, CortisolResumo
A dor crônica pode acometer indivíduos de qualquer idade e está atribuída a maior morbidade, declínio cognitivo e imobilidade. Nos pacientes com dor crônica, ocorrem alterações importantes na neurotransmissão, além de alterações endócrinas relacionadas ao estresse. Além do mais, a má qualidade do sono leva a alterações cognitivas, irritabilidade e fadiga durante o dia e está, comumente, presente em pacientes com dor crônica. Assim, o presente estudo avaliou, por meio da aplicação de questionários a indivíduos adultos com diagnóstico de dor crônica, atendidos em ambulatório de reumatologia da microrregião de Alfenas-MG, a qualidade de vida, o padrão da dor e a qualidade do sono, além da análise da dosagem sérica de serotonina e cortisol. Dos 57 pacientes que fizeram parte da amostra, a maioria era composta por mulheres (91,2%), com idade maior de 40 anos (87,7%). Os principais diagnósticos envolvidos foram fibromialgia (35%), osteoartrite (21%) e artrite reumatoide (14%). Os resultados obtidos apontaram moderada intensidade da dor e interferência das atividades diárias, regular estado de saúde geral e má qualidade do sono nestes indivíduos. De acordo com os dados, não houve correlação estatisticamente relevante entre a severidade da dor e a qualidade de sono, tampouco entre a severidade da dor e o estado de saúde geral. Por outro lado, houve correlação positiva moderada entre a severidade da dor e a interferência nas atividades diárias, e correlação negativa moderada entre a severidade da dor e a saúde mental do indivíduo. Também ficou claro que a interferência da dor nas atividades diárias impacta negativamente na saúde mental. Não foi possível constatar uma relação entre a má qualidade do sono e maior intensidade da dor, mas sim entre qualidade de sono e saúde mental, impactando significativamente também no estado geral de saúde. A qualidade do sono impacta ainda na relação das atividades do cotidiano e influencia negativamente a saúde mental. Por fim, no presente estudo não foi evidenciada correlação significativa entre o diagnóstico de dor crônica e alterações de níveis séricos de serotonina e cortisol. Em conclusão, os achados demonstram a complexidade do tratamento de pacientes com dor crônica. Considerando que a dor crônica desencadeia um amplo espectro de alterações orgânicas e cognitivas, torna-se essencial compreender como essas alterações se associam, para que sejam desenvolvidas abordagens preventivas e terapêuticas mais efetivas.
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