SAÚDE MENTAL INFANTOJUVENIL: ANÁLISE DO DISCURSO DAS CONFERÊNCIAS DE SAÚDE E SAÚDE MENTAL DO MUNICÍPIO DE FORTALEZA-CE
DOI:
https://doi.org/10.25110/arqsaude.v27i6.2023-026Palavras-chave:
Saúde Mental, Criança, Adolescente, Conferências de Saúde, Política de SaúdeResumo
Analisamos de que modo questões relacionadas com a saúde mental infantojuvenil estão sendo abordadas em conferências de saúde e de saúde mental no município de Fortaleza, Estado do Ceará, Brasil, desde a criação do Sistema Único de Saúde, com o objetivo de analisar o impacto desses discursos no estabelecimento da Rede de Atenção Psicossocial Infantojuvenil (RAPSij). Trata-se de uma pesquisa documental dos relatórios das conferências municipais realizadas entre 1991 e 2019, na qual se utilizou o método de análise de discurso, sendo mobilizados os conceitos de condições de produção e formação discursiva. A análise das formações discursivas centrou-se em três aspectos: a visão sobre a criança, a visão sobre a Saúde Mental e as temáticas abordadas nas propostas. Os relatórios revelaram não só pouca visibilidade da saúde mental infantil no município, mas também contradições das práticas assistenciais, que ora reforçam o modelo biomédico, ora se propõem a superá-lo. Denotaram igualmente a dificuldade de identificação do papel da atenção básica na RAPSij, assim como o moroso processo de implementação dos serviços substitutivos, que continuam sendo apontados como insuficientes no atendimento das demandas municipais.
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