ATIVIDADE FÍSICA, COMPORTAMENTO SEDENTÁRIO E ABSENTEÍSMO DE PROFESSORES DA EDUCAÇÃO BÁSICA
DOI:
https://doi.org/10.25110/arqsaude.v27i6.2023-011Palavras-chave:
Absenteísmo, Professores, Atividade Física, Comportamento SedentárioResumo
O absenteísmo é caracterizado pelo distanciamento do funcionário ao trabalho, se tratando de um fenômeno complexo e multifatorial. Devido ao número de afastamentos atribuídos em 2018, o objetivo deste estudo foi verificar a associação entre nível de atividade física (NAF), comportamento sedentário (CS) e absenteísmo de professores da educação básica do município de Divinópolis-MG. A amostra foi composta por 84 docentes de ambos os sexos, com idade média de 45,12±8,88 anos. Realizou-se a identificação do absenteísmo através de questionário sociodemográfico e para NAF e CS utilizou-se o International Physical Activity Questionnarie (IPAQ) - versão curta. O valor de alfa foi estabelecido em 5%. A análise de relação, dada pelo Qui-Quadrado, demonstrou que o não absenteísmo no ano de 2019 está relacionado com exercer cargo efetivo (p=0,030), lecionar no Ensino Fundamental I (p=0,041) e ser fisicamente ativo (p=0,003). Pode-se observar pela correlação de Spearman que o absenteísmo está correlacionado ao NAF (rho=-0,321; p=0,003) e ao cargo exercido (rho= 0,237; p=0,030). A Regressão de Poisson indicou que docentes com cargo temporário apresentaram 74% menos chances de ocorrência de absenteísmo quando comparados àqueles que exerciam cargo efetivo (p<0,001; Exp. β= 0,744; IC=0,655-0,844) e que professores irregularmente ativos demonstraram 123% mais chances de ocorrência de afastamento comparados aos fisicamente ativos (p=0,004; Exp. β= 1,234; IC=1,070-1,423). Conclui-se que docentes fisicamente ativos, que atuavam em cargos temporários no Ensino Fundamental I, comparados com professores do Ensino Infantil, possuíam menor probabilidade de absenteísmo, sugerindo que o NAF pode ser preditor do afastamento de professores da rede municipal.
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