Ensaio de Ponto e a História Semi-Oficial da MPB: Perspectivas em Dois Romances Falso-Históricos
Resumo
É fato histórico que a música popular hegemônica no Rio de Janeiro deve ao teatro de revista sua propagação urbana inicial no século XX. Por que então o nosso teatro rebolado foi se esvaziando e se transformando já a partir dos anos 30? Esta é uma pergunta cuja resposta pode perfeitamente começar a ser dada através de uma análise crítica sócio-histórica do romance Ensaio de ponto (1998), de Luís Antônio Giron; ou pelo menos é este o tipo de análise usado neste ensaio. De passagem, destaca-se o alto grau de incômodo a que se chegou com o desenvolvimento da indústria musical carioca, que cresceu tanto que suas metas comerciais deram retorno e satisfação mais que esperados pelos interesses do mercado internacional de música popular aqui localizados, e, também, a mais completa e generalizada ingenuidade com que, na época, nossos produtores e artistas enxergaram a expansão do mercado internacional. Erroneamente, não a tomaram muito como efeito colateral da crise que se seguiu ao crack da bolsa em 1929 nos Estados Unidos, por exemplo. O romance de Giron são as memórias fictícias de Saturnino Praxedes, ex-funcionário de uma famosa companhia de teatro de revista no Rio de Janeiro, um ponto teatral, que conta as desventuras que levaram à desaparição melancólica de sua profissão. Concluo afirmando que tanto as memórias fictícias de Praxedes como a história semi-oficial da MPB funcionam hoje como muitos romances históricos têm funcionado através dos anos: como romances que falseiam e distorcem a história ao criar mitos falsos e distorcidos.Downloads
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Os Direitos Autorais para artigos publicados são de direito da revista. Em virtude da aparecerem nesta revista de acesso público, os artigos são de uso gratuito, com Creative Commons Attribution 4.0 International License.
A revista se reserva o direito de efetuar, nos originais, alterações de ordem normativa, ortográfica e gramatical, com vistas a manter o padrão culto da língua e a credibilidade do veículo. Respeitará, no entanto, o estilo de escrever dos autores.
Alterações, correções ou sugestões de ordem conceitual serão encaminhadas aos autores, quando necessário. Nesses casos, os artigos, depois de adequados, deverão ser submetidos a nova apreciação.
As opiniões emitidas pelos autores dos artigos são de sua exclusiva responsabilidade.