O LUTO PELO FILHO IDEALIZADO: A EXPERIÊNCIA DE PAIS DE CRIANÇAS COM TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA

Autores

DOI:

https://doi.org/10.25110/akropolis.v32i1.2024-11558

Palavras-chave:

Luto, Autismo, Família

Resumo

O processo de se ter um filho é idealizado pelos pais, e as expectativas da chegada de um filho socialmente concebido enquanto “perfeito” se faz presente. No entanto, um diagnóstico acarreta uma quebra de expectativa trazendo consigo um luto que não pode ser reconhecido. Assim, o presente estudo busca compreender como esse processo de luto do filho idealizado se desencadeia quando os pais recebem o diagnóstico de Transtorno do Espectro Autista - TEA para seus filhos. Como metodologia, trata-se de uma revisão bibliográfica de ordem qualitativa, em que foram utilizadas referências que dialoguem com a temática proposta. Os resultados revelam que embora existam grupos de apoio disponíveis, o luto dos pais de crianças atípicas frequentemente permanece ignorado ou minimizado e que a falta de compreensão e apoio adequados pode agravar a angústia emocional e o luto. A discussão enfatiza a importância de uma abordagem mais sensível e empática em relação aos pais que enfrentam o luto não reconhecido, em que isso inclui criar espaços seguros para a expressão de suas emoções e o reconhecimento de que o luto não se limita apenas à perda física, mas também envolve a perda das expectativas e sonhos que também estão presentes em relação ao filho que foi idealizado. Frente ao exposto, chegou-se à conclusão de que se faz necessário o desenvolvimento de espaços de oferta para as famílias no que tange ao suporte necessário para adaptar-se à nova realidade.

Biografia do Autor

Maria Caroline Rodrigues Ravazoli, Centro Universitário UnIFatecie

Psicóloga graduada pelo Centro Universitário UniFatecie (Paranavaí, PR).

Thaisla de Carvalho Pavani, Centro Universitário UnIFatecie

Psicóloga graduada pelo Centro Universitário UniFatecie (Paranavaí, PR).

Jose Valdeci Grigoleto Netto, Centro Universitário UniFatecie

Mestre em Psicologia – UEM. Doutorando em Psicologia – UNESP, FCL Assis. Professor no Centro Universitário UniFatecie (Paranavaí, PR).

Referências

AFONSO, S. B. C.; MINAYO, M. C. de S. Uma releitura da obra de Elisabeth Kubler-Ross. Ciência & Saúde Coletiva, Flamengo, v. 18, n. 9, p. 2729-2732, 2013. Disponível em: https://www.scielo.br/j/csc/a/r6v4mjCXnj8RYrdFktJ5z3J/?format=pdf Acesso em: 06 out. 2023.

AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION. Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais: DSM- 5- TR. 5. ed. rev. Porto Alegre: Artmed, 2013.

BOUSSO, Regina Szylit. A complexidade e a simplicidade da experiência do luto. Acta Paulista de Enfermagem [online]. v. 24, n. 3, 2011. Disponível em: https://doi.org/10.1590/S0103-21002011000300001 Acesso em: 18 jul. 2023.

BRASIL. Lei nº 12.764, de 27 de dezembro de 2012. Institui a Política Nacional de Proteção dos Direitos da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista; e altera o § 3º do art. 98 da Lei nº 8.112, de 11 de dezembro de 1990. Presidência da República, Casa Civil. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2012/lei/l12764.htm. Acesso em: 23 mar. 2023.

BRASIL. Lei n. 13.977, de 07 de janeiro de 2020. Altera a Lei nº 12.764, de 27 de dezembro de 2012 (Lei Berenice Piana), e a Lei nº 9.265, de 12 de fevereiro de 1996, para instituir a Carteira de Identificação da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista (Ciptea), e dá outras providências. Diário Oficial da União, Presidência da República, Casa civil. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2019-2022/2020/lei/l13977.htm. Acesso em: 03 jul. 2023.

CASELLATO, G. Luto não Reconhecido: o fracasso da empatia nos tempos modernos. In: CASELLATO, G. (Org.). O Resgate da Empatia: Suporte Psicológico ao Luto não Reconhecido. São Paulo: Summus Editorial, 2015. p. 11-18.

COUTINHO, F. T. Desenvolvimento da comunicação e linguagem na criança com Transtorno do Espectro Autista - TEA. 2018. 12f. Trabalho de Conclusão de Curso (Especialização) - Programa de Pós-Graduação em Psicomotricidade Clínica e Escolar, Departamento de Educação Física, Centro de Ciências da Saúde, Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Natal, RN, 2018.

DOKA, K. Luto não reconhecido. In: ZILBERMAN, A. B.; KROEFF, R. F. S.; GAITÁN, J. I. C. (Orgs.). O processo psicológico do luto: teoria e prática. Curitiba: CRV, 2022. p. 31-37.

FINK, B. K.; MOREIRA A. G.; LIMA, S. S. de. Transtorno do Espectro Autista em meninas: uma análise comparativa envolvendo estudos de gênero e possível sub reconhecimento na população feminina. Brazilian Journal of Development, v. 9, n. 9, p. 26420-26435, Curitiba, 2023. Disponível em: https://ojs.brazilianjournals.com.br/ojs/index.php/BRJD/article/view/62997/45313. Acesso em: 12 set. 2023.

FRANCO, M. H. P. O luto no século 21. São Paulo: Summus, 2021.

GIL, A. C. Como elaborar um projeto de pesquisa. São Paulo: Atlas, 2002.

GRIGOLETO NETTO, Jose Valdeci. Relato de experiência a partir da criação de um núcleo de estudos e intervenções em luto. Conversas em Psicologia, v. 3, n. 2, 2022. Disponível em: https://revista.unifatecie.edu.br/index.php/conversas/article/view/112 Acesso em: 03 ago. 2023.

GRIGOLETO NETTO, Jose Valdeci; OLIVEIRA, Flávio Augusto Ferreira de. O pioneirismo de Elisabeth Kübler-Ross junto aos profissionais de saúde que atuam em situações de morte e luto. UNINGÁ Review, Maringá, v. 28, n. 1, p. 118-125, 2016. Disponível em: https://www.mastereditora.com.br/periodico/20161005_005337.pdf. Acesso: 03 ago. 2023.

IDEALIZADO. In: DICIO, Dicionário Online de Português. Porto: 7Graus, 2023. Disponível em: https://www.dicio.com.br/idealizado/. Acesso em: 07 abr. 2023.

KLIN, A. Autismo e síndrome de Asperger: uma visão geral. Brazilian Journal of Psychiatry, v. 28, 2006. Disponível em: https://www.scielo.br/j/rbp/a/jMZNBhCsndB9Sf5ph5KBYGD/#. Acesso em: 07 jul. 2023.

KREUZ Giovana; GRIGOLETO NETTO, Jose Valdeci. Do filho imaginado ao filho real: Reflexões sobre o luto parental. In: GRIGOLETO NETTO, Jose Valdeci (Orgs.) Estudos avançados sobre a morte e o morrer: perspectivas contemporâneas em tanatologia. Curitiba: Bagai Editora, 2023. p. 113-122.

KÜBLER-ROSS, E. Sobre a morte e o morrer. São Paulo: Martins Fontes, 1996.

LUCHETTA, L. L. Neuropsicologia do autismo infantil: para pais, professores, terapeutas e curiosos. UICLAP, 2023.

LUTO. In: DICIO, Dicionário Online de Português. Porto: 7Graus, 2023. Disponível em: https://www.dicio.com.br/luto/. Acesso em: 07 jul. 2023.

MCGOLDRICK, M. et al. O luto em diferentes culturas In: WALSH, F.; MCGOLDRICK, M. (Orgs). Morte na família: Sobrevivendo às perdas. Porto Alegre: Artmed, 1998.

SECRETARIA DE SAÚDE DO ESTADO DO PARANÁ - SESA. Transtorno do Espectro Autismo: TEA. Secretaria da Saúde, p.1, s/d. Curitiba. Disponível em: https://www.saude.pr.gov.br/Pagina/Transtorno-do-Espectro-Autismo-TEA#:~:text=O%20transtorno%20do%20espectro%20autista,repert%C3%B3rio%20restrito%20de%20interesses%20e. Acesso em: 01 abr. 2023.

SILVA, M. das D. F. da; ALVES, J. F. O Luto em Adultos Idosos: Natureza do Desafio Individual e das Variáveis Contextuais em Diferentes Modelos. Psicologia: Reflexão e Crítica, Braga, v. 25, n. 3, p. 588-595, 2011. Disponível em: https://www.scielo.br/j/prc/a/3tSjhYY3jWbg7BHGBkMwdSr/?lang=pt&format=pdf Acesso em: 06/10/2023.

TEIXEIRA, G. Manual do Autismo. Rio de Janeiro: Best Seller, 2016.

WERNER, A. Lagarta Vira Pupa: A vida e os aprendizados ao lado de um lindo garotinho autista. São Paulo: Cr8, 2016.

WORDEN, W. J. Grief counseling and grief therapy: a handbook for the mental health practitioner. New York: Springer Publishing Company, 2009.

ZANON, R. B.; BACKES B.; BOSA, C. A. Identificação dos primeiros sintomas do autismo pelos pais. Psicologia: Teoria e Pesquisa [online], v. 30, n. 1, pp. 25-33, 2014. Disponível em: https://doi.org/10.1590/S0102-37722014000100004. Acesso: 06 out. 2023.

Downloads

Publicado

22-10-2024

Como Citar

RAVAZOLI, Maria Caroline Rodrigues; PAVANI, Thaisla de Carvalho; GRIGOLETO NETTO, Jose Valdeci. O LUTO PELO FILHO IDEALIZADO: A EXPERIÊNCIA DE PAIS DE CRIANÇAS COM TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA. AKRÓPOLIS - Revista de Ciências Humanas da UNIPAR, [S. l.], v. 32, n. 1, p. 63–77, 2024. DOI: 10.25110/akropolis.v32i1.2024-11558. Disponível em: https://unipar.openjournalsolutions.com.br/index.php/akropolis/article/view/11558. Acesso em: 21 nov. 2024.

Edição

Seção

Artigos